❝A mãe disse:
-Fica aqui que não vou me demorar.
-Promete, mãe?
-Claro que sim! Eu só vou comprar um quilo de arroz pra janta.
Ela mentiu. Ela não voltou. Fiquei sozinha.❞-Pág. 7
O livro do baú de livros de hoje é o ''Crianças na escuridão", do autor, roteirista e ilustrador mineiro Júlio Emílio Braz. Na história conhecemos Rolinha, uma menina de seis anos, recém abandonada pela mãe em frente ao supermercado e que vai viver (sobreviver) com mais sete meninas na região da Praça da Sé, em São Paulo.
No meio de tanta exclusão social, abandono, fome, abusos e violência, Rolinha nos conta como é sobreviver no meio de tanto sofrimento. Junto dela temos Doca-a ''líder'' do grupo e as meninas Santinha, Batata, Maria Preta, Maria Branca, Pereba e Pidona. As meninas vivem juntas em um barraco e catam lixo, vendem papelão, pedem esmola, cometem furtos...
O livro é dividido em quatro partes e Rolinha vai nos contando o que vai se passando.
Maria Branca decide ir com o cafetão Cai-Zé, Pidona vai para a FEBEM, Batata e Doca morrem. E Rolinha cresce e amadurece rápido demais para a idade, assim como todas as crianças de rua fugidas ou abandonadas a própria sorte (ou azar!).
❝A rua torna a gente pior, traz coisas bem ruins de dentro de nós. Quero matar. Não quero matar. Mãe. Mãe. Mãe.❞-Pág. 33
PERSONAGENS PRINCIPAIS
- Rolinha: é a personagem principal, a que conta todos os fatos que ocorrem durante a história contada pelo livro. Tem seis anos no início do livro, e oito no final dele. Foi abandonada quando sua mãe disse que compraria um quilo de arroz para a janta e nunca mais voltou. Andou pelas ruas à procura de sua mãe, o que foi inútil. Estava chovendo e Doca tirou-a da rua e levou-a para a casa (feita com pilhas de papelão e restos de madeira) embaixo de uma ponte, onde viviam as outras garotas de rua. Foram elas quem colocaram este apelido em Rolinha.
- Doca: é a "líder" das meninas, tem dez anos e todas vivem em torno dela. Isso porque é a mais velha e mais forte. Doca decide tudo, ela quem negocia com os compradores de papel e os homens do ferro-velho. Por isso, dentre elas, é a que mais apanha, dos policiais, de todos. Ela impunha leis para o grupo. Leis simples, mas duras: quem não trabalha não come. Doca era procurada, principalmente por Rolinha, quando a mesma queria algo. Há dias em que as meninas acham bom ter Doca como amiga, pois ela é dócil, como uma mãe. Todavia, há dias em que elas acham bom ficar longe de Doca, com sua cara amarrada, querendo briga. Ela fica assim principalmente quando Pegador aparece. Mas era a mais confiante entre todas, e sempre gostava de zombar das outras.
- Batata: apesar de ser a maior do grupo, tem um ar fraco e doente. Ela anda sempre triste. É bem alta e muito calada. Não para de tossir.
- Pidona: é baixinha e não gosta de pentear o cabelo. Não se sabe a origem deste apelido, mas ela prefere o mesmo que Severina, nome que ela odeia. Provavelmente é porque vive pedindo tudo, não importa o que nem a quem seja; ou porque ela vivia pedindo esmolas na Praça da Sé quando era mais nova (apesar de ser difícil imaginá-la mais nova). Entre todas, Pidona é a única que mora com a família, em Ferraz de Vasconcelos. Todo dia vai e volta. Leva o que ganha para casa e volta com a "cara amarrada", por vezes, inchada. Odiava os homens, e seu melhor amigo era Bacharel, um mendigo, talvez o único homem com quem ela conseguiu se entender bem. Ele lhe dava conselhos, e Doca, zombando, dizia que ela acabaria se casando com ele.
- Santinha: tem esse nome porque todos acham que ela tem cara de santa. Doca também achou. É uma de "suas filhas", como dizem as outras garotas. Santinha não gosta de Rolinha, pois tem ciúme da atenção que Doca lhe dá. Sempre que tem chance, faz algo de mal com Rolinha, sem que ninguém saiba.
- Pereba: era dentuça e tinha um olhar enfezado. Seus grandes dentes "saltam", uns sobre os outros, para fora da boca.
- Maria Preta: esta é negra como a noite. É pequena, miúda, e vive rindo à toa.
- Maria Branca: ela não é branca. Apenas é menos escura que Maria Preta, daí o nome. Ela tem a mesma idade que Doca, mas é Doca quem manda.
- Personagens masculinos
- Pegador: tem treze anos. Só veem ele rindo quando está perto de Doca. Apesar de ser mais velho que ela, é mais baixo. Tem armas na cintura e todos sabem que mata rindo. Ele só fica calmo quando está junto de Doca. Ela tem algo que ele respeita, ela fala com ele olhando nos olhos, de igual para igual. Já os outros, fogem de seus olhos.
- Bacharel: ninguém sabia como se chamava nem como chegara a praça. Era um mendigo e alcoólatra;
- Cai-Zé, um dos cafetões da região;
- Bombinha, o vendedor de drogas;
- Morungaba, o truculento guarda da praça.
☆☆☆☆☆
Título: Crianças na escuridão
Autor: Júlio Emílio Braz
Editora: Moderna
Páginas: 54
SOBRE O AUTOR
Júlio Emílio Braz nasceu em 16 de abril de 1959, na pequena cidade de Manhumirim, aos pés da Serra de Caparaó, Minas Gerais. Aos cinco anos mudou-se para o Rio de Janeiro, cidade que adotou como lar. É considerado autodidata, por aprender as coisas com extrema facilidade. Adquiriu o hábito da leitura aos seis anos. Iniciou sua carreira como escritor de roteiros para histórias em quadrinhos publicadas no Brasil e em outros países, como Portugal, Bélgica, França, Cuba e Estados Unidos.
Já lançou mais de 150 títulos. Em 1988, recebeu o Prêmio Jabuti pela publicação de seu primeiro livro infanto-juvenil: Saguairu.
Em 1997, o autor ganhou o Austrian Children Book Award, na Áustria, pela versão alemã do livro "Crianças na escuridão" (Kinder im Dulkern), e o Blue Cobra Award, no Swiss Institute for Children’s Book.
Em 1997, o autor ganhou o Austrian Children Book Award, na Áustria, pela versão alemã do livro "Crianças na escuridão" (Kinder im Dulkern), e o Blue Cobra Award, no Swiss Institute for Children’s Book.
Além de ''Crianças na escuridão'', li do autor o livro ''Pretinha, eu?''. Ainda não consegui achá-lo na casa da minha mãe, mas estou procurando.
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Fonte da biografia:Global Editora
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