21
jun
2019

Dom Casmurro - Machado de Assis | Lendo clássicos

SPOILERS


E então li o livro mais comentado e questionado da literatura brasileira!
O livro do autor Machado de Assis, que se estivesse vivo completaria 180 anos.

Um clássico publicado em 1899 que ainda hoje levanta a seguinte duvida: -Teria Capitu traído Bento Santiago? 

  Acredito que não podemos afirmar que sim ou que não. 

Como em sã consciência podemos afirmar que tal fato aconteceu se só temos a versão da história contada por apenas um dos personagens principais?!


  O livro é narrado em 1ª pessoa. O próprio Dom casmurro, Bento Santiago, é que nos escreve sua vida. 

  Bento Santiago, já com mais idade começa o livro nos contando sua adolescência e vida e como começou sua paixonite por Capitu.

  Voltando ao começo... Bento nos conta que desde o ventre de sua mãe está destinado a virar padre. Sua mãe Dona Glória já casada, havia sofrido vários abortos e decide então fazer uma promessa. Ela entregaria seu filho ao seminário quando a idade chegasse, para que o mesmo estudasse e virasse padre. 

  Eis que nasce Bento Santiago.

  A vida do menino sempre foi abastada. Seus pais eram donos de escravos e tinham posses.

  Bentinho tem uma grande amiga, Capitu, sua vizinha e amiga de infância. O rapaz começa a se apaixonar.pela moça e percebe que o sentimento é reciproco. Mas a idade de ir para o seminário está chegando e eles não querem se separar.

  Capitu pede que Bento 'ordene' o agregado da família Santiago, José Dias, a falar com sua mãe e pedir que ela não o mande para o seminário. José Dias é bem quisto pela matriarca e com certeza o ouviria.

  Passado um tempo, a mãe de Bentinho não muda de ideia quanto ao seminário, mas Capitu não dá por vencida e diz que Bentinho vai para o seminário, mas que pode não virar padre. E assim, o menino vai...

  No seminário, Bento conhece o rapaz Escobar. Os dois viram grandes amigos e confidenciam um para o outro que não querem virar padre. Escobar diz que quer ser comerciante. E Bento quer ir para São Paulo estudar advocacia e é claro, casar com Capitu.

  Enquanto Bentinho estuda no seminário para se tornar padre, Capitu passa a visitar dona Glória com mais frequência e estreita relações com a mãe de Bentinho. Dona Glória até passa a ver a relação do filho com a Capitu com bons olhos, mas não sabe como resolver o problema da promessa que fez ao ter Bentinho. Escobar é quem encontra a solução: dona Glória, prometeu a Deus um sacerdote que não precisava, necessariamente, ser seu filho, Bentinho. Por isso, no lugar dele, um escravo é enviado ao seminário e ordena-se padre.

  Bentinho conclui os estudos na faculdade de direito no Largo de São Francisco, em São Paulo e finalmente se casa com sua amada Capitu.
 Escobar, também se casa, com Sancha, uma  amiga de colégio de Capitu. 

 Os quatro amigos passam a conviver mais. Enquanto Capitu e Bentinho tem dificuldades de engravidar, Escobar e Sancha tem uma menina, a quem colocam o nome de Capitolina.
Depois de alguns anos, Capitu finalmente tem um filho de Bentinho, e os dois decidem retribuir a homenagem que Escobar e Sancha lhe haviam prestado e o filho é batizado com o nome de Ezequiel.

 Com o passar do tempo, Bento começa a ver uma semelhança física entre seu filho Ezequiel e seu amigo Escobar e começa a desconfiar de de que foi traído por sua esposa e seu melhor amigo.


 Apesar de negar a traição, Capitu não consegue convencer Bento Santiago e os dois decidem se separar. O casal vai para a Europa com o filho, mas Bento deixa a esposa e o filho e volta sozinho para o Brasil, onde se torna o amargo Dom Casmurro.

Depois da morte da mãe, Ezequiel tenta se aproximar do pai, mas Bento irredutível não aceita a aproximação.





Houve ou não traição de Capitu?

 O mistério de que se Capitu o traiu ou não não será resolvido se só olharmos a história com o ponto de vista do suposto traído.Como saber se toda a história que Dom casmurro nos conta é verdade...



O que seria Casmurro?

No livro, Bentinho explica que ganhou a alcunha(apelido, codinome) de Dom Casmurro por ser sozinho, contando que Casmurro significa ‘homem calado e metido consigo’, influenciando o leitor a dispensar consulta ao dicionário, no entanto, se desconfiarmos do narrador-personagem, ao olhar o significado de Casmurro, vemos que se trata de uma pessoa teimosa, sorumbática (triste, carrancudo, sombrio), fechada em si, que insiste e não desiste, triste, sempre macambúzio (tristonho e mal-humorado.). Percebe-se, a partir da primeira página do livro, de que não se trata de um narrador confiável, dando a entender que toda a narrativa é parcial. Basta levar em conta que o acesso à história é dado apenas a partir de uma perspectiva sobre os fatos.

Sobre a leitura

 O livro difícil apesar de ter pequenos capítulos, é difícil de ler com muitas palavras que não utilizamos mais, afinal o livro é de 1899.
 Mas a edição do livro feita pela editora Ática para a coleção bom livro vem com notas de rodapé contextualizando as palavras e expressões usadas pelo protagonista e narrador.




Sobre o autor

 Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.
 Neto de escravos alforriados, filho do pintor e dourador Francisco José de Assis e da açoriana Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência. Foi criado no Morro do Livramento. Sem meios para cursos regulares, estudou como pôde e, em 1854, com 15 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”, no Periódico dos Pobres, número datado de 3 de outubro de 1854. Em 1856, entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, e lá conheceu Manuel Antônio de Almeida, que se tornou seu protetor. Em 1858, era revisor e colaborador no Correio Mercantil e, em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, onde estreou como crítico teatral, a Semana Ilustrada e o Jornal das Famílias, no qual publicou de preferência contos.

 O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi a tradução de Queda que as mulheres têm para os tolos (1861), impresso na tipografia de Paula Brito. Em 1862, era censor teatral, cargo não remunerado, mas que lhe dava ingresso livre nos teatros. Começou também a colaborar em O Futuro, órgão dirigido por Faustino Xavier de Novais, irmão de sua futura esposa. Seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, saiu em 1864. Em 1867, foi nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Em agosto de 1869, morreu Faustino Xavier de Novais e, menos de três meses depois (12 de novembro de 1869), Machado de Assis se casou com a irmã do amigo, Carolina Augusta Xavier de Novais. Foi companheira perfeita durante 35 anos.
 A obra literária de Machado era marcadamente romântica, mas na década de 1880 ela sofre uma grande mudança estilística e temática, vindo a inaugurar o Realismo no Brasil com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881). A partir de então a ironia, o pessimismo, o espírito crítico e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira se tornarão as principais características de suas obras. Em 1897, Machado funda a Academia Brasileira de Letras, sendo seu primeiro presidente e ocupando a Cadeira Nº 23.
 Em 1904, Machado perde a esposa após um casamento de 35 anos. A morte de Carolina abalou profundamente o escritor, que passou a ficar isolado em casa e sua saúde foi piorando. Dessa época datam seus últimos romances: “Esaú e Jacó” (1904) e “Memorial de Aires” (1908). Machado morreu em sua casa no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1908. Seu enterro foi acompanhado por uma multidão e foi decretado luto oficial no Rio de Janeiro.

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