Dei uma parada na leitura das crônicas saxônicas, pois foram
6 livros de forma ininterrupta, mas logo retornarei à série para fechá-la.
A resenha de hoje é o livro "Água". Livro de estréia
do autor Hilber Cunha.
A história é ambientada em um futuro pós apocalíptico, onde
houve o esgotamento de boa parte dos recursos, especialmente a água e, conseqüentemente,
tudo que depende dela. A floresta amazônica virou um grande deserto.
A sociedade existe aos "bolsões" e de forma
separada, pois a comunicação de longa distancia deixou de ocorrer a muito tempo.
Existem as fortalezas - estruturas de aço e redoma de vidro - onde pessoas
formaram uma nova espécie de sociedade e os esquecidos, que são grupos de
pessoas que vivem no ambiente árido e hostil fora das fortalezas.
Nas fortalezas é nítida a diferença entre a elite, a polícia
do governo, que mantém a ordem e a segurança dentro das fortalezas, os
mercenários, grupos paramilitares que são encarregados de matar esquecidos e
localizar novos poços de água e o restante da população em si, que vive na
"zona baixa" de cada fortaleza, ou seja, basicamente mão de obra.
Vou enumerar alguns pontos do livro em si.
Primeiro a diagramação. Gostei do material, da fonte e também da arte da
capa. Transmitiu bem o mundo da história.
O livro também está bem organizado. Apresenta os
personagens, suas motivações, há o amadurecimento, as relações pessoais, o
problema, a motivação, o sacrifício e o desfecho. Este arco, para mim, está fechado.
Outros pontos me causaram estranheza. São eles:
Alguns nomes de personagens são apenas nomes utilizados hoje
em dia, mas escritos de trás pra frente como Oivato, Sirap, Oluap, Odlav e Odlanier.
Eu sinceramente não entendi o motivo do autor ter optado por dar estes "nomes".
Outro ponto que vou citar como ponto neutro, mas pra mim foi
negativo é que o livro tem muitas passagens
evangélicas, sobre bíblia, espiritismo, ramatis, Chico Xavier e sobre a
importância de uma sociedade sob os preceitos cristãos. Não se entende nada sobre
isso na sinopse do livro e eu particularmente tomei um susto com isso. Quase
abandonei o livro, pois as vezes é maçante.
O autor também escreve de uma forma peculiar, pois dá ao
leitor o desenrolar da situação, antes de descrevê-la. Vou exemplificar. Em determinado momento um
grupo de mercenários encontra um grupo de engenheiros que está fugindo e ao
começar a explicar o motivo da fuga, são fuzilados pelos mercenários, então o
autor escreve algo como: "E foi a ultima coisa que fizeram". Só então
narra que os mercenários foram a um determinado local que estava cheio de
explosivos que obviamente, explode, matando a todos.
No livro também não fica muito claro o conhecimento dos
personagens sobre coisas comuns hoje em dia. Em uma passagem do livro o jovem
Aato, que é um dos personagens principais, fica abismado quando vê uma
fortaleza. Até então temos a impressão que o jovem apenas viveu em vilas de
esquecidos, que basicamente são tendas. Na sequência lhe é solicitado que verifique
se há um beiral ou escada de incêndio para uma rota de fuga pela janela.
Causa uma certa estranheza, pois até o funcionamento de um
arco e flecha precisou ser descrito ao personagem em um momento do livro.
Por mais que eu tenha ficado incomodado com uns bons pontos
do livro e especialmente por ter sido pego de surpresa com passagens bíblicas,
eu gostaria de saber mais sobre este mundo criado pelo autor. Não exatamente
uma continuação desta história, mas sobre o colapso em si, a criação das
fortalezas e talvez algo sobre a guerra civil da fortaleza do centro.
Achei que o autor tem um mundo muito bom a ser desenvolvido
e um prato cheio para quem, assim como eu, gosta da temática.
✩✩✩✩✩
Título: Água
Autor: Hilber Cunha
Editora: Chiado
Páginas: 480
Autor: Hilber Cunha
Editora: Chiado
Páginas: 480
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