24
nov
2018

Água - Hilber Cunha | Resenha




Dei uma parada na leitura das crônicas saxônicas, pois foram 6 livros de forma ininterrupta, mas logo retornarei à série para fechá-la.

 A resenha de hoje é o livro "Água". Livro de estréia do autor Hilber Cunha.

 A história é ambientada em um futuro pós apocalíptico, onde houve o esgotamento de boa parte dos recursos, especialmente a água e, conseqüentemente, tudo que depende dela. A floresta amazônica virou um grande deserto.

 A sociedade existe aos "bolsões" e de forma separada, pois a comunicação de longa distancia deixou de ocorrer a muito tempo. Existem as fortalezas - estruturas de aço e redoma de vidro - onde pessoas formaram uma nova espécie de sociedade e os esquecidos, que são grupos de pessoas que vivem no ambiente árido e hostil fora das fortalezas.

 Nas fortalezas é nítida a diferença entre a elite, a polícia do governo, que mantém a ordem e a segurança dentro das fortalezas, os mercenários, grupos paramilitares que são encarregados de matar esquecidos e localizar novos poços de água e o restante da população em si, que vive na "zona baixa" de cada fortaleza, ou seja, basicamente mão de obra.

 Vou enumerar alguns pontos do livro em si.

 Primeiro a diagramação. Gostei  do material, da fonte e também da arte da capa. Transmitiu bem o mundo da história.

 O livro também está bem organizado. Apresenta os personagens, suas motivações, há o amadurecimento, as relações pessoais, o problema, a motivação, o sacrifício e o desfecho.  Este arco, para mim, está fechado.

 Outros pontos me causaram estranheza. São eles:

 Alguns nomes de personagens são apenas nomes utilizados hoje em dia, mas escritos de trás pra frente como Oivato, Sirap, Oluap, Odlav e Odlanier. Eu sinceramente não entendi o motivo do autor ter optado por dar estes "nomes".

 Outro ponto que vou citar como ponto neutro, mas pra mim foi negativo é que  o livro tem muitas passagens evangélicas, sobre bíblia, espiritismo, ramatis, Chico Xavier e sobre a importância de uma sociedade sob os preceitos cristãos. Não se entende nada sobre isso na sinopse do livro e eu particularmente tomei um susto com isso. Quase abandonei o livro, pois as vezes é maçante.

 O autor também escreve de uma forma peculiar, pois dá ao leitor o desenrolar da situação, antes de descrevê-la.  Vou exemplificar. Em determinado momento um grupo de mercenários encontra um grupo de engenheiros que está fugindo e ao começar a explicar o motivo da fuga, são fuzilados pelos mercenários, então o autor escreve algo como: "E foi a ultima coisa que fizeram". Só então narra que os mercenários foram a um determinado local que estava cheio de explosivos que obviamente, explode, matando a todos.

 No livro também não fica muito claro o conhecimento dos personagens sobre coisas comuns hoje em dia. Em uma passagem do livro o jovem Aato, que é um dos personagens principais, fica abismado quando vê uma fortaleza. Até então temos a impressão que o jovem apenas viveu em vilas de esquecidos, que basicamente são tendas. Na sequência lhe é solicitado que verifique se há um beiral ou escada de incêndio para uma rota de fuga pela janela.

 Causa uma certa estranheza, pois até o funcionamento de um arco e flecha precisou ser descrito ao personagem em um momento do livro.

 Por mais que eu tenha ficado incomodado com uns bons pontos do livro e especialmente por ter sido pego de surpresa com passagens bíblicas, eu gostaria de saber mais sobre este mundo criado pelo autor. Não exatamente uma continuação desta história, mas sobre o colapso em si, a criação das fortalezas e talvez algo sobre a guerra civil da fortaleza do centro.

 Achei que o autor tem um mundo muito bom a ser desenvolvido e um prato cheio para quem, assim como eu, gosta da temática.


✩✩
Título: Água
Autor: 
Hilber Cunha

Editora: Chiado
Páginas: 480

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