SEM SPOILER
Acho que já mencionei em alguma outra resenha que adoro a
temática sobrevivência, seja fim do mundo puramente, sejam zumbis, alienígenas ou
vampiros. Adoro ver a criatividade das pessoas e consumo muitas séries e sagas com este
tema.
No livro "Bento" o mundo conhecido acabou e os
humanos existentes agora vivem em cidades muradas, há vampiros e a noite não
pertence mais aos humanos, nem estamos mais no topo da cadeia alimentar.
O livro, no melhor jeito "The Walking Dead" coloca
o leitor com o mesmo grau de conhecimento do personagem principal. Descobrimos
juntamente com Lucas o que aconteceu com o mundo durante os 30 anos em que
ficou adormecido e como as coisas funcionam atualmente. No início o autor se
apega bastante na narrativa, imagino que para nos passar toda a confusão mental
experimentada pelo personagem. Após este início mais descritivo e com o protagonista
- e nós - já meio ambientados a estória
se torna mais fluída e objetiva.
O livro é ambientado no Brasil, então locais, gírias, linguagem,
personagens folclóricos e reais são os que estamos acostumados e conhecemos,
então é fácil imaginar e se apegar.
Antes de falar de alguns personagens principais, ressalto
que os coadjuvantes foram muito bem usados para demonstrar o medo que os
vampiros causam e o perigo de se ficar fora das fortalezas durante a noite,
sentimento de unidade e pertencimento, suprimindo o de autopreservação dos
personagens que ficam nas torres de vigia e aquele pavor mais puro, que separa
amizades quando uma gota de sangue cai e os rojões estouram.
Ah!! O horror. =)
Por duas vezes me senti mal e honrei personagens que
aparecem apenas pra morrer.
Outro ponto que gostei do livro como um todo foi que o autor
não se prendeu a detalhes menores, que poderiam atrapalhar a estória, como
acesso a água das fortalezas, saneamento, comida, eletricidade, armamento e
material de construção.
Achei que a disponibilidade de recursos ficou factível
com a realidade apresentada e os detalhes, mostrados apenas quando realmente
eram pertinentes. Ficou muito bem equilibrado e coerente. Há até uma passagem
no livro, onde um personagem se lamenta, pois em sua fortaleza haviam 17 armas
anti-aéreas ( metralhadoras .50) e no momento haviam apenas 3, devido a nova
política das comunidades de divisão e solidariedade.
Um ponto bacana levantado no livro é que a estória é bem
maniqueísta. Os bons estão dentro dos muros e os maus estão fora. Será que é
duradouro ? Será que é possível separar bons dos maus ? Ou seria mais um final
como o livro "Eu sou a lenda" ? Fica a reflexão.
Outra questão bacana foi o ponto sobre o meio ambiente e como a não interferência massiva do homem na
natureza afetaria o todo. Foi usado oportunamente, mas foi bacana ler sobre
matilhas de cães, que outrora eram domésticos, se tornarem selvagens, afinal 30
anos é muito tempo.
Quando o furacão Katrina varreu a costa dos EUA, só levou 2
semanas para os cachorros de lá formarem matilhas pouco amigáveis e começarem a
caçar.
A estória é bem amarrada e te pega na curiosidade, mesmo que
você, ao contrário de mim, não tenha tanto apreço por esta temática.
Fiquei um dia inteiro lendo, coisa que não fazia a tempos.
Até mandei uma mensagem de agradecimento ao autor pela experiência.
Estou me estendendo demais ....
Leiam o livro. É muito bom.
☆☆☆☆☆ 4 de 5
Título: Bento
Autor: André Vianco
Gênero: Ficção, Horror
Editora: Novo Século
E-book disponível na Amazon
Páginas: 520
Sobre o autor
André Vianco é paulista, escritor e roteirista de TV.
O autor é hoje reconhecido como representante brasileiro do gênero terror e fantasia e explora o sobrenatural e o imaginário popular com facilidade e entusiasmo, levando o leitor ao gosto pela literatura.